Verdade ou mentira, o que vou contar aqui é meio esquisito e merece ser lido com atenção. [...]
Por mais impressionante que seja a história, procure controlar os nervos. [...]
Houve uma mulher que amou um amor de verdade.
por mais estranho que pareça, foi isso que me contaram exatamente.
Um dia ele conheceu um homem, então descobri-o que seu amanhecer já não era o mesmo. Os dois trocaram juras eternas, e, o que é mais fantástico ainda, essa mulher, pelo que conta, amou mesmo esse homem, só ele, muito e sempre.
Parece que ele não era especialmente bonito, rico nem inteligente, era boa gente apenas, e (segundo fontes seguras) tinha um sorriso engraçado.
Ela também era uma pessoa normal (pelo menos aparentemente), e só apresentou esse comportamento estapafúrdio em toda a sua vida.
Os motivos que levaram essa mulher a amar tanto o tal homem, de forma tão descabida e excessiva, nunca ficaram provados.
Primeiro levantaram a hipótese de um surto de loucura passageiro.(Um atestado de insanidade resolveria a questão sem a necessidade de uma análise mais apurada.) Não era. [...]
O fato foi tomando proporções maiores, à medida que o tempo passava, e o amor daquela mulher não diminuía.[...]
Houve quem apostasse que aquele amor todo era mentira da mulher, com a clara intenção de aparecer na mídia.[...]
A mulher foi ficando meio assustada com aquela agonia de gente e flashes de repórter, confere daqui, examina da lá, até que acabou fugindo, coitada. Aquilo já estava impossível.
O homem ficou muito triste, é óbvio, de perder um amor assim tão interessante.
Há quem garanta que até hoje ele passa o dia bebendo na esquina e chora constantemente.
Dela, nunca mais se teve notícias.Possivelmente se auto exilou em algum lugar ignorado.
Adriana Falcão. O doido da garrafa.
p.43-46 (fragmento)