Archive for agosto 2010

Condicional - Los Hermanos


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Quis nunca te perder
tanto que demais
via em tudo céu
fiz de tudo cais

dei-te pra ancorar
doces deletérios

e quis ter os pés no chão
tanto eu abri mão
que hoje eu entendi
sonho não se dá
é botão de flor
o sabor de fel
é de cortar

eu sei é um doce te amar
o amargo é querer-te pra mim
do que eu preciso é lembrar, me ver
antes de te ter e de ser teu, muito bem

quis nunca te ganhar
tanto que forjei
asas nos teus pés
ondas pra levar
deixo desvendar
todos os mistérios

sei tanto te soltei
que você me quis
em todo o lugar
lia em cada olhar
quanta intenção
eu vivia preso

eu sei é um doce te amar
o amargo é querer-te pra mim

do que eu preciso é lembrar, me ver
antes de te ter e de ser teu
o que eu queria o que eu fazia o que mais?

e alguma coisa a gente tem que amar
mas o que não sei mais

os dias que eu me vejo só
são dias que eu me encontro mais
e mesmo assim eu sei também
existe alguém pra me libertar







Verdade ou Mentira


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Verdade ou mentira, o que vou contar aqui é meio esquisito e merece ser lido com atenção. [...]

Por mais impressionante que seja a história, procure controlar os nervos. [...]
Houve uma mulher que amou um amor de verdade.
por mais estranho que pareça, foi isso que me contaram exatamente.
Um dia ele conheceu um homem, então descobri-o que seu amanhecer já não era o mesmo. Os dois trocaram juras eternas, e, o que é mais fantástico ainda, essa mulher, pelo que conta, amou mesmo esse homem, só ele, muito e sempre.
Parece que ele não era especialmente bonito, rico nem inteligente, era boa gente apenas, e (segundo fontes seguras) tinha um sorriso engraçado.
Ela também era uma pessoa normal (pelo menos aparentemente), e só apresentou esse comportamento estapafúrdio em toda a sua vida.
Os motivos que levaram essa mulher a amar tanto o tal homem, de forma tão descabida e excessiva, nunca ficaram provados.
Primeiro levantaram a hipótese de um surto de loucura passageiro.(Um atestado de insanidade resolveria a questão sem a necessidade de uma análise mais apurada.) Não era. [...]
O fato foi tomando proporções maiores, à medida que o tempo passava, e o amor daquela mulher não diminuía.[...]
Houve quem apostasse que aquele amor todo era mentira da mulher, com a clara intenção de aparecer na mídia.[...]
A mulher foi ficando meio assustada com aquela agonia de gente e flashes de repórter, confere daqui, examina da lá, até que acabou fugindo, coitada. Aquilo já estava impossível.
O homem ficou muito triste, é óbvio, de perder um amor assim tão interessante.
Há quem garanta que até hoje ele passa o dia bebendo na esquina e chora constantemente.
Dela, nunca mais se teve notícias.Possivelmente se auto exilou em algum lugar ignorado.


Adriana Falcão. O doido da garrafa.
p.43-46 (fragmento)